ZÍNGARO
Em algum lugar do passado
não sei onde,
ignoro quando,
mas me vejo empunhando
o pincel da sensibilidade
e projetando nas telas suaves sonhos
que têm o sabor da verdade.
Em algum lugar do passado
vou recolhendo minhas andanças
intactas, relíquias de criança
e as guardo num cantinho
onde repouso, sempre sozinho.
Em algum lugar do passado
vibra em mim a mágica melodia
e sinto a vertigem de um dia
em que fui importante para alguém.
Sem palavra, sem pergunta,
na voragem que atrai e junta
e ignora se a viagem segue além.
Em algum lugar do passado
nossos caminhos cruzaram,
nossas mãos se tocaram
e o céu chegou para perto.
Em algum lugar do passado
o instante virou eternidade
e hoje me afogo na saudade,
na distância, neste agora tão incerto.
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