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Presidente da Academia Cearense de Ciências, Letras e Artes do RJ





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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Retorno de camisola


                                                                                       CORINGA

Àqueles que já o conhecem, avivo-lhes a memória; aos demais, direi apenas de sua extravagância que gerou o apelido, a de só dormir de camisola por imposição de sua esposa, a quem sempre foi fiel e submisso até que...
Camisola estava muito ligado em sua nova cliente, Isabel, ruiva, 22 anos, rosto salpicado de sardas, corpo de violão, freio da língua um pouco preso, o que lhe conferia sotaque sui generis.
Isabel já notara o interesse de Camisola, sempre obsequioso e pleno de cuidados, olhares cúpidos e tépidos o denunciavam; posturas sôfregas e trêfegas o comprometiam.
Aliás, as fêmeas têm aquele sexto sentido, faro muito apurado em perceber os pruridos crescentes de um ingênuo macho.
É um jogo em que elas dão as cartas e, invariavelmente, vencem, pois ditam as regras e têm sempre um ás na manga.
para ser usado na hora certa.
Isabel era noiva, o que produzia em Camisola um  desafio especial, pois costuma ser, para as mulheres, a fase da cegueira afetiva, último degrau da escada do casamento.
Ele pertencia ao time que não acreditava em mulheres honestas e sim em mal cantadas.
Certo dia, ao fazer um exame odontológico em sua paciente, os olhares se encontraram e não se afastaram, arderam como chamas; os lábios se atraíram, se tocaram com suavidade e em seguida, com sofreguidão insana. Afastaram-se a custo e o motel foi combinado para daí a dois dias.
Camisola ficou ansioso, passou duas noites mal dormidas, ocasiões em que constatou sua cruel vida de casado ao lado daquele estrepe, um monte de carnes disformes. Sem dúvida, ele merecia melhor sorte e aquela noivinha mal amada estava à sua mercê.
Isabel deixou o fusquinha em uma rua transversal à Avenida Vieira Souto, passou para a brasília de Camisola e subiram a colina, rumo ao Hotel Dunas, recanto discreto e com garagem privativa.
Tão logo instalados e abrigados, começam a trocar as primeiras carícias, ambos se observando narcisicamente pelos espelhos ao longo de todas as paredes e até do teto, pré libando o que viria depois.
Nesse justo momento chega ao local um carro preto com cinco assaltantes fortemente armados. Rendem o porteiro, o gerente e todos os demais funcionários, deixando-os amarrados e amordaçados, abrem o cofre e dali retiram todos os valores. Já iam embora, quando um dos elementos do bando expressa uma idéia maquiavélica:
_ Vamos também roubar tudo dos hóspedes.
Apossam-se da chave mestra e percorrem os aposentos fazendo a limpeza. Ainda não satisfeito, o mesmo autor da idéia lança outra:
_ Vamos levar as roupas da moçada! Quero ver como eles irão sair daqui!
Ato contínuo, reúnem todos num único quarto, ordenam que se dispam, e, em seguida, os deixam trancados (eram treze casais).
Ao sair, o chefe do bando diz à guisa de consolo:
_ Façam uma bela suruba!
As reações do grupo foram as mais variadas: uns escondiam as genitálias, outros, ao contrário, as exibiam orgulhosamente; alguns praguejavam, outros choravam.
Após alguns instantes, um dos homens procurou serenar o grupo, dizendo que iria dar solução ao problema.
Acalmem-se todos, pois sou gerente de uma loja de roupas. Darei uns telefonemas e tudo estará resolvido. Conseguirei roupa para todos. E assim foi feito com toda eficiência.
Com relação aos demais componentes do grupo, não saberia lhes dizer, mas quando Camisola chegou em casa todo vestido de branco, tendo saído pela manhã de calça e camisa pretas, ouviu sua cara esposa vociferando :
_ E então, meu bem, como se saiu hoje na Primeira Comunhão? Ato contínuo, baixou-lhe a porrada!

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